Festa da despedida
A sociedade brasileira levou muitos anos lutando pela liberdade e pela democracia. Trocando em miúdos, lutou pelo direito de “falar mal”.
Falar mal da política, dos governos, dos clubes de futebol, falar mal de quem quer que fosse. O fenômeno, porém, aconteceu numa dimensão que equivale a um porre, e a ressaca pelo visto, começou agora.
Vejamos o caso da relação do eleitor com o voto.
As críticas são sempre acaloradas dando a impressão de que quanto mais se critica mais perto da extinção colocamos a política e seus personagens.
Acontece que isso na prática nunca vai ocorrer, a atividade está na essência da humanidade desde a Grécia Antiga e enquanto houver sociedade, lá estará ela, presente e pulsante!
O mais estarrecedor é verificar que os críticos mais eloqüentes, aqueles que fizeram do falar mal praticamente o esporte nacional, comentem o erro que só faz agravar o problema: generalizam.
Misturam no mesmo balaio gente de bem, com a pior espécie de oportunistas e corruptos...
Nessa mistura, quem leva vantagem são os do último tipo. A confusão na cabeça do eleitor médio - cujo nível de informação é quase nenhum - levam-no a fazer uma seleção natural reversa, onde majoritariamente sobrevivem os representantes do poder econômico ou os coronéis das máfias partidárias, desestimulando a participação de excelentes quadros da vida brasileira cuja competência e idoneidade acabam por desaguar na atividade privada deixando na pública o que restou desta triste festa de despedida da tão sonhada democracia brasileira.
Claudia Cataldi é jornalista e apresentadora do programa Responsa Habilidade