Adoração a comida
Desde todos os tempos comida sempre foi uma paixão. E se já era assim quando tinhamos que encarar um javali cru, imagina agora que dispomos de suculentas e bem embaladas picanhas...
Que dizer dos famigerados biscoitos, práticos e ainda jurando conter vitaminas tão necessárias à humanidade?
Acontece que estamos no automático e com a desculpa da falta de tempo, que acomete a todos igualmente, perdemos a mão. Ao ponto de praticamente idolatrarmos alguém que tenha conseguido emagrecer como se fosse detentora de uma fórmula mágica.
Lamento ter que dizer isso, porque a mim também conviria que ela existisse, mas até hoje não foi inventado nada, absolutamente nada que faça emagrecer de verdade definitivamente sem que volte tudo depois; sem fechar, trancar a boca, sem que haja uma reeducação alimentar.
Mas seguimos acreditando em fórmulas, rezas e milagres que jamais se confirmarão.
É como se isso nos desse um alento, uma esperança de que é possivel comer tudo o que desejamos sem ônus algum.
Passamos em menos de uma década, de um país de extrema pobreza, para o da obesidade, do diabetes e da hipertensão.
Já percebeu como a cintura das pessoas vem aumentando?
Por que será? Excesso de recursos, ou nossas escolhas individuais de cardápio?
Os economistas podem atribuir o fato ao preço dos artigos, mas já adianto que não existe nada mais barato que o bom e velho feijão com arroz.
Creio que vale a pena refletirmos sobre as razões de estarmos substituindo a base cultural de nossa alimentação - que além da duplinha do parágrafo anterior inclui a mandioca,- por um enorme contingente de produtos a base de trigo – fundamentalmente importado - e milho, cujo abastecimento interno oscila constantemente, e com preços internacionais beirando o descontrole.
Tenho a impressão de que esse padrão de consumo tem a ver com o bombardeio de propaganda que temos sofrido ao longo de décadas, patrocinado ora pela indústria de alimentos processados ora pelo chamado fast food nas suas mais variadas apresentações.
A saída é a nossa escolha. Faça a sua!
Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade
E-mail: presidencia@responsahbailidade.org.br
Twitter: @claudiacataldi