VIVA ÀS MULHERES
Desde que foi instituído o Dia Internacional da Mulher, o espaço do sexo feminino no mundo mudou bastante. Elas hoje lideram a sociedade em diversos setores. São escritoras, advogadas, empresárias, presidente de grandes corporações; nossa maior empresa, a PETROBRÁS, acabou de dar posse a Graça Foster, como sua primeira presidente mulher; e claro, em 2010 elegemos Dilma Rousseff, Presidente da República. Então, quais seriam os desafios que ainda faltam às mulheres conquistar? Gostaria de fazer algumas reflexões sobre esse tema.
Primeiro penso que precisamos incluir mais pessoas dentro dos direitos que estão escritos na Constituição e no ordenamento jurídico infraconstitucional. Aqui vale um comentário. Muita gente acredita que o fato de existir um direito garantido em lei, basta para sua proteção. Talvez, numa sociedade ideal, isso seja valido. Mas no mundo real, o que faz um direito valer é o ato do cidadão o invocar quando se sente de alguma maneira lesionado. E o direito basilar de todo brasileiro está instituído logo no Artigo 1°, Inciso III, da Constituição: A Dignidade da Pessoa Humana.
Infelizmente milhões de brasileiras estão longe desta dignidade, em função da pobreza, do analfabetismo, de historicamente viverem a margem da sociedade. Esse quadro é triste, mas está mudando. Cada vez mais exigimos das autoridades que respeitem nossa cidadania. Essa conquista ocorre graças a mulheres fortes e corajosas, que trabalham, gerando recursos indispensáveis ao sustento familiar. Descobriram que possuem direitos e aprenderam que não devem aceitar que lhe digam o que fazer.
As mulheres entenderam a importância da educação e passaram a insistir com suas crianças para que estudem. O resultado é que cada vez mais temos os filhos e as filhas das costureiras, das domesticas, das varredoras de rua (e outras profissões) se formar na faculdade. Na hora da colação de grau, vendo-os ser chamado para receber o diploma, o coração palpita. Pensam: “eu venci”. E assim o Brasil muda. Assim o Brasil se transforma numa verdadeira República, democrática, cujos cidadãos têm acesso (conquistado) a Dignidade da Pessoa Humana.
Mas nem tudo são flores. É preciso mencionar a chaga da violência contras as mulheres. Infelizmente, alguns homens, vítimas da própria ignorância, ainda acreditam que podem agredir suas companheiras e mesmo matá-las. Tivemos recentemente o julgamento de Lindemberg Alves, que assassinou sua namorada Eloá, de apenas 15 anos, por não ter conquistado seu afeto.
Esse crápula cometeu o erro que muitos cometem, ao crer que o importante é ser ‘macho’. Ser macho é bem diferente de ser homem. Macho é bicho burro, que vive pelo instinto. Como não tem cérebro, usa os punhos para se expressar. Na verdade os machos têm medo de ser homem. Pois ser homem é muito mais complexo. Precisa saber pensar. Tem que desenvolver a capacidade de dizer palavras gentis, de pedir desculpa, de buscar compreender o sentimento das outras pessoas. Inclusive precisa entender, quando perde alguma coisa ou alguém, que acreditava ter. Por isso, definitivamente, quem faz questão de ser macho, não chega a ser homem.
Concluindo meu raciocínio, uso a frase de uma grande mulher, Clarisse Lispector: “Sou como você me vê, posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando, e como você me vê passar”. É verdade. Por isso, parabéns e Viva as Mulheres.
* Por Ronald Thompson (Este artigo vai estar publicado no Jornal Nova Voz Especial sobre às Mulheres, que vai circular na próxima semana)