Secretário estadual de Saúde visita municípios atingidos pela chuva no noroeste fluminense

04/01/2012 09:50

 

Um dos objetivos é verificar planos de contingência para enchentes em cada cidade

O secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, e equipes de Vigilância e Atenção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde visitam nesta quarta-feira (4), os municípios do noroeste fluminense atingidos por fortes chuvas desde o primeiro dia do ano.

 

Veja os estragos causados pela chuva no Rio

Previsão ainda é de chuva no norte e região serrana do Rio

O objetivo é avaliar as necessidades das secretarias municipais de Saúde de cada uma das cidades, verificar os planos de contingência para os casos de enchentes, os estoques de insumos e vacinas, a situação dos pronto-socorros e dos locais de abrigo e pontos de apoio para desalojados e desabrigados.

Laje do Muriaé, Italva, Santo Antônio de Pádua, Trajano de Moraes, Miguel Pereira e Cardoso Moreira são as cidades desta região que mais sofrem com as chuvas e o transbordamento dos rios Muriaé e Pomba, cujos leitos em Minas Gerais também sofreram forte impacto das chuvas desde domingo (1º).

A prefeitura de Laje já solicitou à secretaria estadual de Saúde um kit calamidade, que contém medicamentos para a atenção básica, antibióticos, hipoclorito de sódio e álcool.

Em Italva e Santo Antônio de Pádua, duas unidades de saúde ficam muito próximas do leito do rio e sofrem com enchentes. Será avaliada pela equipe da a montagem de unidades de pronto atendimento em locais próximos.

De acordo com o balanço de terça-feira (3) da secretaria de Estado de Defesa Civil, foram registrados 367 deslizamentos no Estado; 41 inundações; 3 desabamentos; 21 enxurradas; 3.108 desalojados; 707 desabrigados; e 84 residências destruídas.

Chuva deixa mais de 8.000 desabrigados no Estado

As 13 cidades do norte e noroeste do Estado do Rio estavam em estado de alerta por causa da cheia dos rios da região até a tarde de terça. Até o início da noite, eram mais de 8.000 pessoas fora de casa nos oito municípios das duas regiões mais afetadas pela chuva que atinge o Rio de Janeiro desde o final do ano passado, de acordo com Paulish. Já os números divulgados pela assessoria da Defesa Civil do Estado dizem que 3.815 moradores de todas as áreas afetadas tiveram de deixar suas casas até terça-feira.

Segundo o coronel, até o final de terça-feira, só foi registrada uma morte na região noroeste. Augusto Jorge do Carmo, de 72, em Laje do Muriaé, morreu quando tentava retirar os móveis da casa que estava sendo alagada pelas águas do rio Muriaé na madrugada de terça. Carmo caiu e bateu com a cabeça. Outro homem morreu na região centro sul do Estado, em Miguel Pereira, após ter um infarto ao saber sobre os desabamentos.

Já a Defesa Civil Estadual diz que duas pessoas morreram somente na região noroeste. No entanto, o coronel Paulish esclareceu que um deles já estava internado no hospital municipal da cidade quando morreu e que a morte não tem relação com a chuva.

- Foi uma morte natural, sem qualquer relação com a enchente.

Laje do Muriaé foi a primeira cidade atingida pelas cheias dos rios do noroeste do Estado e será a primeira a se beneficiar com a redução do nível das águas do rio Muriaé. Segundo o outro coordenador da Defesa Civil na região, coronel Moacyr Pires, isso deve acontecer nesta quarta-feira.

- Com isso, as cidades começam a entrar no processo de normalização. Mas em alguns lugares isso ainda vai demorar mais. Em Campos dos Goytacazes [no norte Fluminense], por exemplo, o rio Paraíba vai continuar crescendo por pelo menos mais algumas horas.

 

Cidades afetadas

As cidades afetadas por enchentes e deslizamentos de terra no Rio amanheceram sem chuva nesta quarta-feira. O trabalho dos moradores e da defesa Civil é de limpeza e vistoria das residências atingidas.

Em Nova Friburgoregião serrana do Rio, não houve registro de deslizamentos desde terça-feira, quando uma queda de barreira interrompeu o trânsito na RJ-116. Segundo o subcoordenador da Defesa Civil de Nova Friburgo, Robson José Teixeira, a situação é tranquila nesta manhã e os agentes fazem vistoria em imóveis em áreas de risco. No centro da cidade, tratores e escavadeira fazem a remoção da lama.

Em Itaperuna, no noroeste fluminense, os carros baixos ainda estão proibidos de trafegar pelo centro da cidade devido o excesso de lama e água, que ainda estão concentrados nas ruas. Não há registro de desmoronamento na região desde a madrugada.

Pelo menos 20 famílias continuam desabrigadas em Cambuci, também no noroeste. O parque aquático da cidade, que fica a 3 km do centro do município, ficou submerso. A pequena cachoeira que abastecia as piscinas se transformou em uma grande catarata de água barrenta. A área mais afetada é a zona rural, por onde passa o rio Pomba, que ficou acima do nível de transbordo.

De acordo com o coronel Douglas Paulich, a previsão é de que o nível dos rios Pomba e Paraíba do Sul voltem ao normal já que a chuva parou. Por volta de 8h45, o nível dos rios ainda estava acima do normal, mas o fluxo de água diminuía de forma gradativa.

Também não choveu em grande parte do norte do Estado de madrugada. Não há ocorrência de novos deslizamentos.

 

Tragédia das chuvas

Um forte temporal atingiu a região serrana do Estado do Rio de Janeiro entre a noite de 11 de janeiro de 2011 e a manhã do dia seguinte. Choveu em 24 horas o esperado para o mês inteiro e o resultado foi a maior tragédia climática registrada no país, segundo especialistas de várias áreas.

Atenção:

Deslizamentos de terra e enchentes mataram mais de 900 pessoas e deixaram quase 400 desaparecidas. Cerca de 30 mil sobreviventes ficaram desalojados ou desabrigados. Escolas, ginásios esportivos e igrejas viraram abrigos. Hospitais ficaram cheios de feridos na primeira semana; estando a maioria já recuperada. Cerca de 15 dias depois da catástrofe, doenças como leptospirose (provocada pelo contato com a urina de rato) começaram a assolar a população. Autoridades então passaram a monitorar casos confirmados e pacientes suspeitos, além de educar o povo em relação à prevenção.