Ex-prefeito denuncia trama para afastá-lo das eleições

16/04/2012 09:00

 

 

O ex-prefeito de São Fidélis, Davi Loureiro, que é pré-candidato à prefeitura do município, denuncia que existe uma trama para alijá-lo do processo eleitoral de 2012. Por traz da trama, segundo ele, estaria o atual prefeito, Luis Carlos Fernandes Fratani, o Fenemê (PMDB). O prefeito teria informado para um vereador e pré-candidatos que o governador Sérgio Cabral já teria feito gestão junto “a um desembargador” para torná-lo inelegível, através de sentença numa ação que tramita no Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RJ).

Sem esconder a revolta, Davi alega que a trama implicaria numa decisão judicial na ação que apura possível improbidade administrativa, na qual já foi absolvido em parte, tendo em vista que a decisão que já obteve no TJ, afasta a possibilidade de inelegibilidade. Ele entende que as revelações da trama que trariam à tona a provável participação do governador junto ao TJ, configura crime de tráfico de influência, e adotou providências. Davi encaminhou Pedido de Providências ao atual presidente do TJ, Manoel Rabelo e à Corregedoria de Justiça do Estado.

Gravidade - A gravidade da denúncia se evidencia quando Davi cita que existe uma trama que seria encabeçada pelo prefeito Fenemê, que teria afirmado a vereadores e pré-candidatos que “o governador Sérgio Cabral teria feito gestão junto ao desembargador do Tribunal para solicitar sua inelegibilidade”, e assim favorecer ao atual prefeito, que concorrerá à  reeleição”.

Como vazou - Davi relata que a informação sobre a trama vazou do gabinete do vereador presidente do Legislativo, Carlos Humberto Fernandes Fratani (PMDB), irmão de Fenemê, seus adversários políticos.

A trama contra Davi teria vazado durante conversa do vereador Marco Antônio Magalhães Gonçalves, conhecido por Marcão (PMDB), com o ex-vereador e pré-candidato Carlos Rogério Vieira da Silveira, o Rogerinho. De acordo com denúncias apresentadas por Davi Loureiro, o presidente da Câmara teria dito ao vereador Marcão que este poderia apostar qualquer quantia em dinheiro, afirmando que Davi será afastado do pleito para prefeito, e que ele ganhará as apostas, porque, segundo ele, “está tudo acertado com o governador para deixar Davi fora da disputa em São Fidélis”.

Também de acordo com relato do ex-vereador Manoel Alves Guimarães, em conversa no gabinete com o vereador Marcão, ao falar sobre política, o mesmo teria pedido para alertar Davi sobre a trama que envolve o prefeito Fenemê, o governador Cabral e “o desembargador”. Conforme Manoel Alves registrou em Escritura Declaratória em Cartório, o vereador Marcão teria lhe repassado a informação de que o prefeito Fenemê teria dito que “conversou com o governador Sérgio Cabral e que o mesmo afirmou que fez gestão junto ao desembargador do Estado do Rio para inviabilizar a candidatura de Davi Loureiro, tendo em vista existir processo que se encontra pendente de julgamento no Tribunal de Justiça, efetivando sua condenação por improbidade”. “Eu entendo que cabe ao prefeito Fenemê prestar esclarecimentos necessários, tendo em vista que ele colocou o governador do Estado em situação delicada, e a Justiça em cheque. É preciso ter absoluto respeito pelas instituições, principalmente pelo Judiciário. Eu apenas quero ser julgado de forma justa, isenta de influência política, como ocorreu na decisão judicial dada na ação do juízo de primeira instância. Embora discordando em parte da sentença do juiz local, recorri ao Tribunal de Justiça para reformar parte da sentença e ganhei parcialmente a causa, com o afastamento de inelegibilidade”, detalha Davi Loureiro.

Prefeito nega ter conversado sobre assunto e presidente da Câmara não acredita nas declarações

A redação de O Diário ouviu o prefeito Luis Fenemê. Ele argumentou que faz dias que não fala com o vereador Marcão e que não se lembra de ter conversado sobre o assunto com ninguém. “Estou sem falar com o Marcão há mais de 30 dias e se haverá ou não condenação de quem quer que seja por inelegibilidade, é assunto de competência do TRE [Tribunal Regional Eleitoral]. Não sei nada sobre isso, e muito menos conversei com o governador sobre isso”, disse ontem (11) o prefeito.

O Diário ouviu também o presidente da Câmara, Carlos Humberto Fratani (PMDB), que negou ter conversado com o vereador Marcão sobre o assunto. “Não tenho conhecimento deste assunto. Faz muito tempo que não vou ao Rio. Tem cinco ou seis meses que não vou ao Tribunal, e não vejo o Marcão há muito tempo. Tenho o Marcão na conta de uma pessoa honesta, um cara sério, e tenho dificuldades de acreditar que ele tenha falado isso”, disse Betinho Fratani.

Na assessoria do Gabinete do governador Sérgio Cabral, em contato feito no dia 9 deste mês, a informação foi de que primeiro seria consultada à Procuradoria para depois responder, mas até o fechamento desta edição, ontem, não havia sido respondido.

Fonte:odiariorj