Campanha Recolhe 4 Toneladas De Embalagens De Agrotóxicos

08/11/2012 13:26

 

 

Educação do produtor e novo posto de coleta em Itaocara viabiliza o cumprimento da legislação

Quatro toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos foram recolhidas nos municípios de São Sebastião do Alto e Itaocara, nos dias 25 e 26 de outubro, durante a campanha de recolhimento realizada conjuntamente pela secretaria estadual de Agricultura e Pecuária (Defesa Agropecuária e Emater-Rio), prefeituras locais, Sindicato Rural de São Sebastião do Alto e Associação dos Revendedores de Agrotóxicos da Região Serrana Fluminense (Arasef).

Em Itaocara, no Noroeste Fluminense, é a quinta vez que a campanha acontece, sempre acompanhada de um grande trabalho de conscientização junto aos agricultores e também nas escolas. “A campanha nas unidades de ensino surte efeito porque as crianças transmitem as informações aos pais. Além disso, elas também fiscalizam e cobram a atitude correta”, diz Mateus Aguiar, extensionista da Emater-Rio. Os agentes municipais de saúde também foram mobilizados e repassaram as instruções nas visitas domiciliares.

Há dez anos, o descarte era feito de outra forma no município. Naquela época, era comum construir um cemitério de resíduos e enterrar as embalagens na propriedade. Hoje já se sabe que isso prejudica seriamente o ambiente. Muitos agricultores deixavam os vasilhames espalhados na lavoura, jogavam nos córregos, queimavam e alguns até reaproveitavam para usos diversos, colocando a saúde em risco.

Agrônomo do Núcleo de Defesa Agropecuária de Itaocara e um dos organizadores da campanha, André Cyrino afirma que a campanha foi importante para orientar os produtores sobre a forma correta de descarte. “Esses produtos são absorvidos pelas plantas, mas contaminam o solo e o lençol freático, causando danos irreversíveis”, diz André. Os agricultores também são orientados a seguir corretamente as instruções de uso e a usar os equipamentos individuais de proteção (EPI) para proteger sua saúde.

Para o secretário de Agricultura de Itaocara, Nelson Teixeira dos Santos, o município que não realizar este tipo de ação ficará prejudicado. “Esta limpeza é muito importante. Retiramos grande quantidade de embalagens que iriam poluir córregos, prejudicar o solo e a saúde da população”, disse. Morador da microbacia Valão do Barro Preto, Sandro Teixeira Terração aderiu à campanha desde a primeira edição. “É uma das melhores coisas que estão acontecendo. Se as embalagens caírem no rio, tudo fica poluído, os animais morrem, colocam em risco nossa saúde”, diz Sandro, horticultor e pecuarista leiteiro. Ele já começou a frequentar as reuniões promovidas pelo Programa Rio Rural, que está começando a ser trabalhado nesta microbacia, e escolheu dois subprojetos ambientais para serem implantados em seu sítio: proteção de nascente e isolamento de área de recarga.

Já em São Sebastião do Alto, na Região Serrana, dois caminhões coletores da prefeitura percorreram onze localidades dos quatro distritos do município durante a sexta edição da campanha. De acordo com o agrônomo do núcleo de Defesa Agropecuária de Cordeiro, Roberto Latgé de Azevedo, a iniciativa estimula a discussão sobre o uso dos defensivos, justamente para minimizar possíveis impactos ambientais. “As ações adotadas pelos parceiros envolvidos estão dando excelentes resultados. Os agricultores estão se conscientizando da real importância e da necessidade da correta destinação das embalagens vazias”, explicou.

Posto de coleta viabiliza a devolução
As quatro toneladas de embalagens recolhidas nos dois municípios foram levadas para o posto de recolhimento de Ponto de Pergunta, distrito de Itaocara. A unidade será administrada pela Arasef. “As embalagens ficarão aqui temporariamente. Serão separadas e levadas para Campos dos Goytacazes, onde algumas serão recicladas e outras, incineradas”, explicou Carlos Dantas, presidente da entidade.

O posto foi inaugurado na tarde de sexta-feira (26/10), finalizando a campanha. Durante a solenidade, o coordenador estadual de Defesa Sanitária Vegetal, Renato Machado Ferreira, afirmou que a unidade ajudará no trabalho de fiscalização. “Esta é uma grande conquista, fruto do trabalho de órgãos públicos e da iniciativa privada. Agora ficou mais fácil para o agricultor cumprir a legislação, porque existe um local apropriado para a devolução das embalagens”, disse Renato.

Participaram da solenidade agricultores, funcionários da Ceasa-RJ, Emater-Rio, Superitendência de Defesa Agropecuária, prefeituras e membros do Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro) e da Arasef. Houve ainda sorteio de kits com equipamentos de proteção individual (EPI) para os produtores rurais presentes.

Principais procedimentos de uso e destinação de embalagens
Atualmente, a legislação federal determina que as empresas produtoras e comercializadoras de defensivos agrícolas implementem, com a colaboração do poder público, programas educativos e mecanismos de controle e estímulo aos usuários, para a devolução de embalagens vazias. Já os agricultores também possuem deveres, como o armazenamento dos produtos em recipientes originais, fora do alcance de crianças e animais e em locais trancados. Outro procedimento requerido é a tríplice lavagem ou a lavagem sob pressão, antes do recolhimento. Os produtores só devem comprar os defensivos químicos com receituário agronômico e prescrição de uso, em estabelecimentos licenciados para venda. No ato da devolução, as embalagens devem estar ensacadas e identificadas com o nome do agricultor. Só assim ele receberá o comprovante de devolução.

Fonte: Assessoria